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Quanto a vocês não sei mas esta que vos escreve, em catraia, adorava calçar os sapatos da senhora sua mãe. Problema? A senhora não apreciava e berrava dizia :
" Descalça já isso que me dás cabo da alma dos sapatos! "
Aquilo sempre me soou esquisito, apesar de, evidentemente, não perceber o conceito "alma". Lembro-me de descalçar os sapatos e ver se por baixo tinham alguma coisa que de partisse, tipo vidro ou assim.
Anos mais tarde, aliás, décadas, quis o destino que também eu parisse uma catraia que, apesar de muitíssimo mais calma que a sua progenitora, também fazia das dela e não foram raras as vezes que revi nela coisas que eu fazia.
Um dia, apareceu com os meus sapatos calçados, de chucha, os óculos de Sol na cabeça, mala enfiada no braço e uma chave do "carro" de brincar (com alarme e tudo) enquanto dizia "vamozzz embóua que tou atajjjaaaada" . Não vou negar que senti ali um misto de orgulho/pânico por ter à minha frente uma réplica em miniatura.
Voltando aos sapatos da mãe.
Não sei se o fascínio que sentia por andar calçada com eles estava diretamente ligado ao facto de querer ser como a mãe ou se representavam o "ser grande" (o que não sucedeu como tão bem sabeis).
Fosse por que razão fosse, uma coisa é certa: o peso dos sapatos faziam antever que "ser grande" não devia ser fácil. E estava certa.
Hoje em dia tenho exatamente a mesma sensação quando calço os chinelos do meu marido porque não acho os meus . Ele calça o 43 e eu o 35. Não é fácil , e só Deus saberá como é que ainda não me esbardalhei toda.
Podia bem ter sido este o mote para se ter inventado a expressão"try walk in my shoes". Podia. Mas aposto que não foi.
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