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Quarenta e cinco

por Pequeno caso sério, em 19.05.18

Hoje, deu-me pra isto.

 

Dei-me conta que caminho a passos largos para o meio século de existência e não sei se gosto. No meu tempo ter-se 50 anos , era ser velho. E eu não sou velha. Não me sinto velha. Apesar do espelho dizer o contrário, acredito que ainda está muito por vir. A verdade é que grande parte dos dias não gosto do que  me tornei e quero acreditar que ainda vou a tempo de reverter isso. Não hoje, não amanhã...mas um dia.

 

Dei-me conta que sou mãe de uma adolescente ('tarda nada mulher!) e pergunto-me se serei o melhor exemplo.Percebi isso no dia que ela (na altura com 6 anos, repito, seis anos) me disse que eu não era igual às outras mães. Encarei aquilo como um elogio mas a verdade é que , dez anos passados, a dúvida persiste.

 

Dei-me conta que partilho a minha vida com a mesma pessoa há 24 anos e que a caminhada nem sempre tem sido fácil. Para os dois. Mas afinal de contas, nunca é e quem diz o contrário, muito provavelmente, estará a mentir. Às vezes é bom olharmos em volta para percebermos que afinal não estamos assim tão fora da normalidade. Seja lá o que isso for.

 

Dei-me conta que o círculo de amigos é cada vez menor. Uns porque nunca o foram, outros porque fiz questão de excluir sem que isso me cause qualquer transtorno ou lamento. Ter um muro inadvertidamente construído em meu redor, permitiu-me sempre fechar a porta quando quis. É o lado bom de se ser... frio.

 

Dei-me conta que os ausentes me fazem cada vez mais falta. Uma falta sublinhada pela impossibilidade de nada poder fazer. A vida segue. Mesmo sem os ausentes que afinal de contas , estão sempre presentes. Todos os dias. Todas as horas. Nos cheiros. Nas sombras.Na luz. Nas memórias.

 

 

Hoje faço quarenta e cinco anos e já só quero duas coisas: ter saúde e ser feliz. A primeira, não depende de vós. A segunda, sem o saberem, já o fazem.

 

À nossa!

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31 comentários

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De Pequeno caso sério a 21.05.2018 às 18:28

Obrigada

Eu a mim até vou tolerando (que remédio) . O pior são os outros. Uma merda quando não pensamos todos da mesma maneira, pois é? Pois.

É como dizes: haja saúde e lá vamos vivendo com a cabeça entre as orelhas.


Não faço ideia quem seja a "Noname " mas gostei da expressão.

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