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O amor não se mede numa escala e dentro destas quatro letras cabem todas as espécies.
É esse amor desmedido e transformador que, embora dilacerada, deixo que me guie enquanto escrevo. Porque esta dor tem de sair e é na escrita, que encontro sempre forma de me expressar. Logo eu, tão avessa a manifestações de afeto.Talvez tenha sido por isso mesmo que ela me escolheu no meio de meia dúzia de "iguais" quando me fisgou o coração, numa fria véspera de Natal. A ideia era surpreender a miúda mas fui eu quem saiu a ganhar no dia em que, conscientes da responsabilidade, tomámos a decisão de juntar um animal à família.
Acreditem, não há sensação nenhuma capaz de se igualar à generosidade de um animal.
O chegar a casa e tê-la à minha espera, genuinamente contente por me ver. O ritual de pousar tudo e ir ter com ela para receber os seus miminhos. Ela. Sempre ela primeiro que os restantes.
Os serões passados ao meu colo virada para a televisão, quieta, como se de facto estivesse a perceber alguma coisa.
Os beijinhos (ou marradinhas) que me dava nos pés enquanto comíamos à mesa na esperança de lhe calhar qualquer coisa.
Os dias mais tenebrosos da minha vida em que me olhava fixamente como se soubesse que tudo se havia de compor.
A companhia que me fez durante os períodos que forçosamente estive isolada do mundo.Só ela e eu.
Nove.
Nove anos de convivência absolutamente transformadores abraçados pela certeza de que tudo fizémos para que fosse feliz.
Nove euros e dez cêntimos. A quantia pedida para que o seu corpo fosse tratado seguindo um protocolo que envolve pesagens e que é insensível ao peso do que fica quando a morte chega não se compadecendo com emoções.
Nove de novembro de dois mil e vinte e dois. A data que ficará para sempre tatuada no meu coração.
Obrigada por tanto meu amor.🐰♥️
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