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Olho certeiro

por Pequeno caso sério, em 28.10.22

Carla Sofia e Paula Cristina, amigas desde miúdas, jogavam conversa fora enquanto se espojavam no sofá a "ver" televisão:

-Dassss...doem-me as costas!

 

-Isso é de passares a vida mal sentada.

 

-Olha quem fala! Até parece que tu estás muito bem aí toda torta! Ou já te esqueceste que também andaste aí toda fanadinha das cruzes?!

 

-Achas?! É claro que não me esqueci!

 

-Tiveste foi muita sorte com o médico que apanhaste! Aliás, tu tens sempre uma grande sorte com os médicos que arranjas! 

 

-Sorte?! Isto não é sorte, minha menina!

 

-Ai não?! 

 

-Não. Eu tenho um truque que tem batido sempre certo.

 

-E vais partilhar ou vais guardar o segredo só para ti?

 

-Não é segredo nenhum. Basta estar atenta.

 

-Atenta? Como assim?

 

-Quando precisares de ir ao médico confia sempre no mais feio.

 

-Hã?!?!? 'Tás parva?! O que é que a beleza do médico tem a ver com o facto de ser competente?!?

 

-Tem tudo, minha menina. Os médicos feios tiveram mais tempo para estudar!

 

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Call it magic

por Pequeno caso sério, em 27.10.22

E o post podia ser só isto. Um videozinho inofensivo da banda que EU VOU VER ( não sei se já tinha dito 😁) .

Podia.

Mas não escrito por mim.

Dado o mote "Magic"  decidi partilhar convosco uma curiosidade sobre a minha pessoa. Sou, desde miúda, absolutamente fascinada com magia/ ilusionismo. Não sei explicar porquê, mas sou. (na volta, na outra vida, devo ter sido assistente do Houdini).

 

O bichinho começou por se manifestar na altura dos circos de Natal da empresa onde o meu pai trabalhava e aos quais nós assistíamos religiosamente. Enquanto os outros miúdos deliravam com os palhaços, para mim, o momento alto do circo era o número de magia. Depois, já adolescente, comecei a devorar o (pouco)  que havia na televisão: Siegfried & Roy David Copperfield.

Os anos foram passando e novos nomes foram surgindo : Chris Angel e por fim, o meu crush da ilusão , Dynamo .

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'Migas, não se deixem enganar por este ar de boy next door. Dynamo é tudo menos banal. Se não conhecem, procurem por vídeos deste senhor e preparem-se para ser mesmo surpreendidas.

Então e por cá?

Bem, por cá estamos muito bem representados pelo incontornável Luís de Matos e o inigualável Mário Daniel.

 

Álaver.

Se sou uma fervorosa consumidora de magia , de certeza que sei fazer pelo menos um truque, certo? Certíssimo. 

 

Há um truque de magia que faço nas jantaradas e é sempre um sucesso:

 

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Impressionante.

Já levam sete anos disto e continuam  a acreditar que um dia vai sair daqui alguma coisa de jeito. Começo a ficar preocupada convosco. 

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A vingança serve-se fria. Literalmente.

por Pequeno caso sério, em 26.10.22

Manéla trabalhava na cantina de uma escola secundária.

Fartinha de ser mal paga e de aturar várias gerações de moços malcriadões , Manéla tinha sempre um semblante carrancudo.

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Ora, os moços , sabendo da sua simpatia e delicadeza, assim que punham o pé no refeitório gritavam :

 

- Ó 'TI MANÉLA, O 'QUÉ 'CÁ HOJE NA PANELA?

 

E todos os dias era isto.

Manela encheu.

Encheu.

Encheu.

Até que um dia  pensou "Basta! É hoje que me vingo dos moços" .

E foi.

 

À hora de almoço a cena repetiu-se e mal os moços perguntaram 

 

- Ó 'TI MANÉLA, O 'QUÉ 'CÁ HOJE NA PANELA?

 

Manela respondeu:

- Vão comer...franciú: Macarrão Ratatouille!

 

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E os moços?

Comeram tudo.

Comeram tudo.

Comeram tudo.

E não deixaram nada.

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Sabedoria popular #8

por Pequeno caso sério, em 25.10.22

(a propósito de se ter de dizer umas quantas verdades às 'ssoas)

 

A verdade é igual a um peido: quando a soltas, afastas muita gente 

 

 

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Estupidez

por Pequeno caso sério, em 24.10.22

Às vezes (demasiadas vezes) sinto-me estúpida. Não por fazer "estupidezes " porque disso até sinto um certo, como direi, brio. Falo do sentir-me estúpida quando não percebo do que se está a falar. E o que é que faço? Calo-me bem caladinha e , mal possa, vou tentar inteirar-me. Estúpida sim, mas não por muito tempo.

E não gosto nada de me sentir assim. Fico danada comigo. Apetece dar-me uns chapadões valentes mas lá está, como sou eu que mos afinfo, o efeito surpresa perde-se. Parêntesis: segundo a senhora minha mãe, esta "particularidade" evidenciou-se logo cedo e era frequente ver-me a afinfar uns bfatadões a mim própria por coisas tão graves como as peças do Lego não encaixarem logo à primeira ou o casaco da Tucha ter umas mangas tão justas que custavam a passar nas mãos da puta da boneca que, de caminho, mamava umas quantas também.

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Voltando à estupidez.

Quando me sinto assim só há uma coisa que me consola e me dá um quentinho no coração : saber que há gente infinitamente mais estúpida que eu

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Aviso!

por Pequeno caso sério, em 21.10.22

Se por estes dias receberem um email com o título "noc noc",  não abram! 

São testemunhas de Jeová em teletrabalho.

 

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Pequeno caso sério a ser linchada em

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Rapidinha #1

por Pequeno caso sério, em 20.10.22

Inauguro hoje aqui no blog um separador pensado há algum tempo, ao qual decidi chamar "Rapidinha".  À semelhança de  alguns eventos 😏 que sucedem na nossa vida, a Rapidinha será breve, parca no número de palavras , porém, eficiente. E  há dias em que isso é tudo o que se quer. Até no blog.

 

Feitas as explicações, que não mais se repetirão, deixo-vos a

 

Rapidinha n° 1:

 

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Óbvio!

 

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Se pensa que já ouviu tudo, desengane-se #29

por Pequeno caso sério, em 19.10.22

Georgette era dona de um império de cabeleireiros espalhado por todó Portugal e por isso achava-se a última bolacha do pacote.

Vestia-se toda de preto.

Estava toda recauchutada.

Nos dedos com artroses que as mãozinhas não mentem  exibia um respeitável cachucho que reluzia quando esgrimia a tesoura nos cabelos alheios.

Era tão afamada que se dava ao luxo de só atender as clientes VIP ( tias, supétias, influencers , modelos e ex- participantes de reality shows) numa sala privada e com marcação feita muitos meses antes, que isto já se sabe, onde vai uma, vão todas.

Georgette cobrava muito bem pelos serviços prestados nos seus salões embora pagasse o ordenado mínimo às funcionárias e comprasse bidons de 20 litros de produtos merdosos que depois despejava para os doseadores da Shu Uemura e da Sisley.

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Era também pioneira na utilização de muita paneleirice maquinaria e tecnologia de ponta (?) no domínio capilar. 

Maneiras que, com este boneco todo montado, foi surpreendente ouvir esta pérola num vídeo promocional :

 

-Quando o cabelo está muito seco é aconselhável lavar com um shampôn rico em queratina e depois fazer uma hindrantação mais profunda.

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Oi?!

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Shampôn?!

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Hindrantação?!

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(fiquei sem forças para corrigir)

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Try walk in my shoes

por Pequeno caso sério, em 18.10.22

Quanto a vocês não sei mas esta que vos escreve, em catraia, adorava calçar os sapatos da senhora sua mãe. Problema? A senhora não apreciava e berrava dizia :

" Descalça já isso que me dás cabo da alma dos sapatos! " 

 

Aquilo sempre me soou esquisito, apesar de, evidentemente, não perceber o conceito "alma". Lembro-me de descalçar os sapatos e ver se por baixo tinham alguma coisa que de partisse, tipo vidro ou assim. 

Anos mais tarde, aliás, décadas, quis o destino que também eu parisse uma catraia que, apesar de muitíssimo mais calma que a sua progenitora, também fazia das dela e não foram raras as vezes que revi nela coisas que eu fazia.

Um dia, apareceu com os meus sapatos calçados, de chucha, os óculos de Sol na cabeça, mala enfiada no braço e uma chave do "carro" de brincar (com alarme e tudo) enquanto dizia "vamozzz embóua que tou atajjjaaaada" . Não vou negar que senti ali um misto de orgulho/pânico por ter à minha frente uma réplica em miniatura.

 

Voltando aos sapatos da mãe.

Não sei se o fascínio que sentia por andar calçada com eles estava diretamente ligado ao facto de querer ser como a mãe ou se representavam o "ser grande" (o que não sucedeu como tão bem sabeis).

Fosse por que razão fosse, uma coisa é certa: o peso dos sapatos faziam antever que "ser grande" não devia ser fácil. E estava certa.

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Hoje em dia tenho exatamente a mesma sensação quando calço os chinelos do meu marido porque não acho os meus . Ele calça o 43 e eu o 35. Não é fácil , e só Deus saberá como é que ainda não me esbardalhei toda.

Podia bem ter sido este o mote para se ter inventado a expressão"try walk in my shoes". Podia. Mas aposto que não foi.

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Então Pequeno caso sério...

por Pequeno caso sério, em 17.10.22

...'quéqsepassou contigo melher que desde quinta que não pias?- perguntam vocês raladas como aquelas mães que ficam sentadas no sofá, com tudo apagado, à espera que a filha chegue a casa madrugada dentro, para retribuir o cagaço, acendendo a luz quando esta entra em casa, às escuras, na surdina, de sapatos na mão para não ser apanhada fazer barulho. 

 

Agradeço a preocupação.

Sabem que não é meu hábito desaparecer sem avisar mas...não deu. Foi tudo muito...repentino...e intenso. Apanhou-me completamente desprevenida. Precisei de tempo para me ...recompor. 

 

- 'Tão mas contas ou não contas?!- perguntam vocês com aquela voz de mãe já a crescer nos decibéis não satisfeita com a resposta.

 

Foram assuntos...privados. Não sei se vos interessam assim tanto...

 

-Ai interessam, interessam! - dizem vocês descalçando o xnélo milagroso que toda a mãe usa.

 

 

Pronto.

Se insistem, eu partilho. Mas depois não digam que não avisei.

Sem que nada o fizesse prever, quinta e sexta-feira (com resquícios no sábado/domingo)  a minha vida resumiu-se a isto:

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Um glamour que só visto e que me vou abster de detalhar aqui.

Eu sei que para muitos é um choque mas 

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-Olha lá, essa coisa das viroses repentinas só dá nos moços pequenos, nunca em adultos! - dizem vocês desconfiadas, do alto da vossa licenciatura em Medicina tirada na faculdade da vida.

 

Pois. O médico que veio cá a casa disse o mesmo, porém, ele nem desconfia que me chamo Pequeno caso sério.

 

Olha , olha, muito fina a menina! Nem foi ao Centro de Saúde como os outros!- dizem vocês com escárnio enquanto cruzam os braços em cima das mamas, como as velhas cuscas fazem.

 

Acreditem. A minha intenção foi a melhor. Para ME proteger e para proteger os outros pois não tinha interesse nenhum em partilhar o que tinha com ninguém.

E fim de história, pois era? Era. Mas não foi.

O mais caricato aconteceu a seguir. Ao enviar por email o atestado médico para a minha entidade empregadora, a mesma recusou-o porque não foi passado pelo médico de família (ou por um médico com acordo com o SNS).

WTF?!

Então se um médico ( assumindo que a seguradora não me mandava cá a casa um trolha de estetoscópio pendurado ao pescoço e um maço de vinhetas falsas) que atesta por sua honra (com vinheta e tudo, não sei se já tinha dito) que eu não me encontro capaz de ir trabalhar, porque é que isso não é válido?! E porque é que o mesmo médico, com a mesma vinheta, pôde passar medicamentos que tiveram desconto do SNS?! E porque razão tive de ir mesmo ao Centro de Saúde (onde previsivelmente fui à casa de banho largar o que preferia ter largado só em casa, temendo pela saúde da pessoa que lá foi a seguir) deixar uma cópia do atestado passado pelo médico que efetivamente viu como eu estava, possa ser replicado pela médica de família que nunca vi mais gorda? 

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Sou só eu a achar tudo isto um bocadiiiiiiiiiinho  contraditório ? Se calhar sou.

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