Pequeno caso sério

Pequeno caso sério conversa com amiga sobre o atual estado a que a humanidade chegou no que à bicheza diz respeito:

Pcs- esta merda está bonita está...ele é Covid, agora é mais esta porra da varíola dos macacos...se a minha avó fosse viva dizia que o fim do mundo estava próximo. 

Amiga- podes crer. Uma pessoa sempre com todos os cuidados,  vacinou-se três vezes e mesmo assim apanha o bicho! 

Pcs-'Tarda nada chamam-nos para a quarta dose...

Amiga- Era o ias! Não apanho nem mais uma!

Pcs- Porquê?

Amiga- Já chega! Sei lá eu o mal que isto me fará daqui a uns anos. 

Pcs- Então e se os casos da varíola dos macacos se descontrolarem e nos aconselharem a ser vacinados?

Amiga- Euuuuuuuuuuuu? Vacinar-me contra a varíola dos macacos depois de três doses de vacina de covid no bucho?!

Pcs- Então não te vacines, não! És mesmo parva! Já te estou a imaginar em agosto no Algarve...

Agora a sério: e vocês? Se a coisa se descontrolar ao ponto da vacinação ser recomendada, aceitam? 

...já 'tás melhorzinha?-perguntam vocês cheias de cagufa que o bicho me leve e deixem de ter com que se distrair naquele sítio que nós sabemos 

E eu respondo (a medo):

até ver, já. Sim. Até ver, que este bicho é mesmo muito estranho. Ou então fui eu que fui muito ingénua e achei que o pior se resumia aos dias de isolamento. Descobri que afinal, pode não ser.

Segundo o médico, eu não estive com Covid. Eu estou com Covid.

-Como assim estou com Covid? - perguntei com o resto da voz que me restava enquanto tossia da forma mais irritante de todo o sempre e sentia a febre a disparar.

- Está com Covid porque o vírus demora até 21 dias a ser eliminado do corpo e tudo o que está a sentir agora é perfeitamente normal tendo em conta que ainda está infetada.

E pronto.

A sexta-feira, o sábado e o domingo resumiram- se a cenas várias, todas elas desagradáveis, mas que foram atenuando com a medicação receitada.

Se estou tranquila? Não. Ainda me faltam uns dias para que possa gritar ao bicho 

Talvez seja da febre (que voltou).

Talvez seja da sensação de ter sido atropelada por um camião. 

Talvez seja do frio que tenho quando lá fora estão quase 40°.

Talvez seja isso tudo com um delíriozito ou outro à mistura que  me levou a pensar no seguinte :

Aguardo explicações pois, se falecer, era uma dúvida que não queria levar comigo. Cá coisas minhas.

José Milhazes.

Repórter da SIC que tem o condão de explicar tudo a guerra como ninguém. Num desses comentários fez em direto, no jornal da noite, aquilo que até uma maluca como eu achava iimpensávl:  

Na sua espontaneidade, traduziu o que o público de um concerto na Rússia, gritava em uníssono:

Que a guerra vá para o caralho!

 

Clara de Sousa gelou.

Nuno Rogeiro sorriu.

Milhazes reforçou que só estava a traduzir. 

E a internet não perdoou:

A guerra da Ucrânia já fez dois heróis:

         Zelensky & Milhazes. 

Eu a-v-i-s-e-i.

A coisa começou timidamente e ontem à noite já ouvi um virologista dizer que a a varíola dos macacos vai alastrar nas próximas semanas. O Sr. também disse que é pouco provável que não dê para conter. E foi essa afirmação que me deixou exaurida dos 'nerves. A outra senhora também dizia que o Covid não era uma epidemia e que era pouco provável que cá chegasse. E olhem no que deu.

E mais: a mim ninguém me tira da ideia que a bicheza do macaco se vai cruzar com o Covid e vamos ficar todos fo-di-di-nhos.

Mas, se da primeira vez fomos todos apanhados de surpresa, agora temos obrigação de saber como agir. E é por isso que amanhã me vou abastecer com testes específicos para detetar esta estirpe de varíola. 

- Hã Pequeno caso sério?! Endoidaste de vez 'melher? Isto não é o Covides! Não há cá testes rápidos para isto, parva!- alvitram vocês armadas em Pasteur sem micróbios.

Pois ficam a saber que há testes rápidos p'ra isto, sim senhor! 

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( para ser lido à velocidade das contra indicações dos medicamentos nos anúncios da rádio)

A dona deste estabelecimento não se responsabiliza pela inflamação do preço das bananas, nem pela rutura de stock.

...'qué que andaste a fazer durante tantos dias fechadinha? - perguntam vocês com esse ar de vizinha Odete à espera de saber os podres de uma reclusa na solitária.

E eu conto.

Dormi muito.

Tossi ainda mais.

Discuti com a malta cá de casa porque, já se sabe, não sabem fazer nada com jeito.

Quase fiquei sem pele das mãos por conta da lixívia e/ou desinfetante porque sou pobre e em casa de pobre, já  se sabe, só há um WC que é usado por três pessoas. 

E depois vi (e revi) séries. Muitas séries. Maioritariamente portuguesas que estão disponíveis na RTP play que, já se sabe, é a Netflix dos pobres.

E li. Li cenas várias que um clique de rato permite que isto, já se sabe, a pessoa começa na atualidade e acaba nos folhetos do Lidl. E foi numa dessas mixórdias internéticas que dei comigo a pesquisar a árvore genealógica do Kim Jong- un. Porquê? Experimentem ficar sete dias fechadas num quarto e depois falamos.

Descobri, por exemplo, que a esposa do Sr. se chama Ri Sol -ju.

E que um dos irmãos se chama Kim Jong- Chul. 

E que tem um avô Ko Gyon- tek

E uma tia Kim Kyong- Jin

Se atingi o pico da parvoíce? É provável. 

Mas Eu tive Covid.

E vocês? Qual é a vossa desculpa?

Onze dias separam o último post e o de hoje.

Para quem acha que onze dias não é assim tanto tempo, nem acontecem assim taaaaaaaantas coisas, aqui fica um resumo por ordem crescente de importância:

- Eu, Covid (se toda a gente tiver de passar por isto, então que seja como foi por aqui : leve e rápido);

- Marido, cirurgia (programada mas ainda assim com recuperação não compatível com a logística do dia a dia e muito menos com  com uma infetada);

- Filha, desdobrou-se para chegar a todo o lado e quando EU saio do isolamento, fica ELA com Covid ;

- Fiz 49 anos que quase passaram em branco. Definitivamente, esta década não me vai deixar saudades ;

- Deu à costa portuguesa um tubarão de dimensões consideráveis que foi apetrechado por forma a ser monitorizado pelos especialistas. No meio dos comentários que surgem eis que há uma alminha cuja única preocupação é esta: 

(desconfio que um dos 19 gostos é do meu marido)

- Quando se achava que o aumento galopante dos casos de Covid já era preocupação que bastasse, surge isto :

Começou timidamente com cinco casos. Vamos em vinte e três. Ou muito me engano ou...

- A puta da guerra não dá tréguas e honestamente não sei como é que se (sobre)vive no meio daquilo.Todas, repito, todas, as imagens de guerra me tocam. E depois houve esta que me tocou particularmente :

Deve ser isto a materialização da Esperança. Que ela nunca nos abandone. 

Tosse

Espirros

Ranho

Três autotestes em três dias diferentes:

A 'ssoa fica descansada, certo? 

Errado.

A 'ssoa fica desconfiada e insiste ligando para a saúde 24.

Quarenta e cinco minutos depois,  repito, quarenta e cinco, atenderam e após ter respondido ao inquérito com uma voz fanhosa, porém sexy, lá enviaram os códigos para fazer PCR.

Fiz.

Resultado?

A 'ssoa sentiu.

A 'ssoa sabia que tinha sido possuída pelo bicho.

A 'ssoa só não tem canudo nem vinheta para atestar a possessão. 

Moral da história:

Não se fiquem. O resultado negativo no autoteste vale o que vale. 

Não desistam da chamada para a saúde 24. É demorado? É. Faz perder a paciência? Faz. Mas quem está do outro lado está seguramente a fazer o melhor que pode com os recursos disponíveis. 

Não descurem os cuidados. Os números reais de Covid são muitíssimo mais altos dos que se divulgam. Basta imaginar que se eu não tivesse insistido, a esta hora andava por aí a espalhar o bicho sem saber. E é o que está a acontecer com muita gente que fica descansada com o resultado dos autotestes. Cuidem-se.

#acontribuirparaaimunidadedegrupo

O lambe-botas é como o carvão:

apagado, suja-te.

aceso, queima-te.

Tenho uma familiar que foi brindada à nascença com uma marca. E quando falo em marca, não falo de uma mancha singela num qualquer recanto escondido. Não. Falo de uma mancha avermelhada bem visível na pele em redor de um dos olhos.

Podia esta miúda viver amargurada com o facto de cada vez que se fala dela como a "menina da mancha"? Podia. Mas não o fez. Aceitou a característica e brinca com isso de tal forma que acabamos por nos esquecer que a tem. E a prová-lo, fica a mensagem que me enviou :

"Pensei aproveitar a ideia acompanhada da frase "apareceu-me o período". Depois desisti. O rímel e a boa disposição resolvem, não achas?"

Acho J, acho.