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Acredito que muitos de vós já se tenham mobilizado de várias formas para ajudar a Ucrânia e os seus cidadãos. Esta é só mais uma que não nos custa absolutamente nada.
Ainda que pareça insignificante, seja de que forma for, tudo seve para asfixiar aquele louco e a economia da nação que (des)governa.
Como fazer? Simples. Da próxima vez que forem ao supermercado, prestem atenção ao código de barras dos produtos :
Os primeiros três digitos indicam o país de origem . De 460 a 469, significa que são produtos de origem russa. Se forem 481 são dos aliados Bielorrússos. Não comprem!
A guerra, também pode ser feita no supermercado.
Sei que o registo deste espaço não é este mas hoje não dá...
Ontem fomos inundados de partilhas de imagens do que se está a passar na Ucrânia. Todas me impressionaram mas nenhuma me tocou como o vídeo em que se vvêo desespero de um pai a despedir-se da filha pequenina enquanto a enviava para uma zona segura, sem saber se a voltará a ver...
Como é que se sobrevive a isto?!...
À noite, enquanto jantávamos a ver o telejornal, a minha filha com um ar carregado que não é o seu registo habitual, diz-me :
-Tenho 19 anos. Depois de dois anos e tal a viver em pandemia, assisto à possibilidade de uma guerra mundial. Provavelmente, depois disso, se sobreviver, ainda terei de lidar com uma catástrofe natural. Ou com uma invasão alienígena. Isto promete. Se não me matar a estudar, ou morro de um vírus, ou morro numa guerra, ou morro "às mãos" de um ET. E tudo isto antes de chegar aos 30 ."
Gostava de ter respostas para lhe dar.
Gostava de tranquilizá-la.
Não consegui.
Fui invadida por uma angústia tremenda. E o silêncio instalou-se.
O dela, por medo do que aí vem.
O meu, por saber que tem razão.
Foda-se .
Carlos Miguel andava a atazanar a cabeça ao pai há vários dias.
- Ó paaaaaiiii...quero uma cadeira de Gamer ! Toda a gente tem uma menos eu!
- Tu queres o quê , puto?!
- Uma cadeira de Gamer...
- Eu sei lá o que é isso 'pá! Trabalho nas obras de Sol a Sol para não te faltar nada e agora ainda me vens com essas modernices! O dinheiro não estica pá!
- Ó paaaaaaiiiii...mas eu queria tanto uma! Quando estou a jogar on-line com os meus amigos sou o único que está sentado numa cadeira da cozinha!
- Olha , e já tens sorte de ter internet para jogar! Tu sabes lá o que é que queres! O mês passado fodeste-me a cabeça porque querias uns patins. Agora é a cadeira 'coise! Pensas que os baldes que carrego nas obras têm dinheiro em vez de cimento , ó quê?! Vai mas é fazer as coisas da escola!
E o puto lá foi, todo pendurado.
E o pai lá ficou, cheio de remorsos.
Lembrou-se então de pesquisar no OLX e , depois de algumas horas, conseguiu comprar, não uma, mas as duas coisas. Decidiu manter segredo para fazer uma surpresa ao puto.
No dia seguinte foi levantar as encomendas aos correios.Todo contente , chegou a casa e anunciou:
- Puto, anda cá que tenho uma surpresa!
- O que é pai?
- Abre que vais gostar...
O puto abriu as caixas.
Mas em vez de alegria, tudo o que o pai viu foi ...
A cadeira:
Os patins:
Carlos Miguel, não sejas mal agradecido!
Alzira e Alfredo viviam num bairro familiar muito agradável e mantinham uma boa relação com todos os vizinhos.
Era frequente haver almoçaradas e jantaradas na casa uns dos outros para os quais o casal era sempre convidado.
Até que, de repente, sem qualquer razão que o justificasse, deixaram de surgir convites.
Passou um dia.
Depois uma semana.
Um mês.
Seis meses.
E nada.
Tudo o que resta desses convívios felizes são apenas as fotos que eternizaram esses momentos. Alzira e Alfredo passam horas a olhar com tristeza para a ultima fotografia que tiraram sem conseguir compreender o que teria levado os vizinhos a não os convidarem mais...
Injustiças.
Clotilde e Cremilde, vizinhas há uma vida, praticavam a arte do cusquedo cada uma à sua janela, quando passa um casal de namorados muito...entusiasmado.
Ao perceber que estava a ser observado, o jovem saca da língua e prega à namorada um linguadão até ao esófago, só naquela de picar as bélhas.
Indignada, Clotilde alvitra para a vizinha:
- Sinceramente! Já não há respeito! Esta malta nova não tem noção nem limites!
- É verdade Clotilde! Tens toda a razão! Isto passou-se do oito ao oitenta!
- Ainda me lembro que para namorar foi um sarilho! Primeiro namorávamos à janela e só muitos meses mais tarde é que tivemos permissão para namorar dentro de casa!
- Pois era! E mesmo dentro de casa, ainda me lembro da minha mãe estar sentada no meio de nós os dois no sofá! Outros tempos onde o respeitinho era muito bonito! Tínhamos outra maturidade...não havia cá tempo para pensar nessas coisas!
- Era pois. Agora não há respeito nenhum! Esta malta nova parecem uns animais! Onde dá a vontade é onde fazem! Querem lá eles saber das consequências! Ai Cremilde, Cremilde...esta juventude está perdida.
- É mesmo Clotilde...bem, deixa-me lá ir para dentro acabar de limpar o pó às fotografias que ainda me faltam umas quantas.
A foto de família de Cremilde:
Zé Júlio conheceu Karla e enamorou-se.
A coisa bateu-lhe de tal maneira que, um mês depois do namoro começar, decidiu dar provas inequívocas de que a seria para sempre :
Dois meses depois Karla empalitou-o com o melhor amigo.
E o que fez o Zé Júlio?
Chorou?
Descabelou-se?
Deprimiu?
Nada disso.
Primeiro comeu uma canja quentinha...
...e a seguir, tratou de apagar qualquer vestígio da megera:
Custódia era manicure/pedicure num espaço próprio onde expunha logo à entrada, um preçário em letras garrafais para as clientes perceberem ao que iam. Já levava anos de experiência e como tal, a agenda estava sempre cheia.
Porém, apesar da vasta experiência, um dia apareceu-lhe uma cliente que a deixou perplexa.
Não querendo dar parte fraca à frente da cliente, decidiu ligar para uma colega de profissão:
-'Tou Isaura?
-Oi Custódia qué que se passa para me 'tares a ligar em horas de expediente?!
-Ai 'melher...'tou aqui numa gastura sem saber como descalçar esta bota...
-'Tão?!
-Tenho aqui uma cliente e não sei o que hei-de cobrar...se mãos, se pés...
A cliente:
É sabido que tenho uma pedra no lugar do coração e que só me comovo quando me distraio. No entanto, há uma situação específica que, invariavelmente, me faz ir às lágrimas. E quando digo ir às lágrimas, é deitar ranho e tudo.
Ora, se quererdes ver-me nestes preparos (acreditem, não querem) é passarem-me uma cebola para as mãos.
E não adiantam as mezinhas que já experimentei quase tudo sem sucesso.
Mais grave.
Desta vez, nem foi preciso descascá-la para o pranto se dar. Bastou-me olhar para ela e pensar em como a vida pode ser injusta...
Até a merda duma cebola tem um cu melhor que o meu :
Só por causa disso, vou ali enfardar um pacote de batatas fritas para afogar as mágoas.
Se há altura parva na vida, é a adolescência. Aqueles anos em que se merecem uns valentes chapadões no focinho várias vezes ao dia.
Ora, Luís Miguel não fugia à regra. Parvo todos os dias, grunhia falava com maus modos; não cortava o cabelo; usava sempre os mesmos ténis imundos e roupas a condizer.
Mas o que encanitava mesmo a mãe de Luís Miguel, era o tempo que ele levava no duche.
Um dia, passada dos carretos porque tinha acabado de receber uma conta astronómica de água para pagar, berrou da cozinha :
- Luuuiiiiiiiisss Miiiiigueeeelllll! Acaba com isso 'pá! Não és tu que pagas, não é?! Sai já daí!
- Olhaaaaa...'qué 'insse cota?! Um 'gá agora já não pode tomar banho?! Se não me lavo, sou um javardo! Se 'tou a tomar banho, mandas-me sair! Vê lá se te decides!
- Não é mandar vir 'pá! Todos os dias é isto! Levas mais de uma hora para tomar banho! Tu já viste o gasto de água que é?! Ah...o que eu gostava de saber com o que é que tu perdes tanto tempo...até tenho medo de perguntar!
- Olha...'qué 'inse cota! Com nada de especial...
Sim. Ainda. E porquê? Porque há gajos para quem o dia de ontem acabou mal sem necessidade nenhuma. E porquê? Porque são burros e não sabem interpretar as coisas que as gajas dizem.
Tomemos o exemplo do Zé Carlos.
Zé Carlos esqueceu-se da data. Erro número um.
Quando se apercebeu já estava muito em cima e a namorada já tinha topado que ele não se lembrava. Erro número dois.
Tentou remediar a coisa mas ainda foi pior. Erro número três.
Sondou-a sobre o que ela queria de presente mas o mal estava feito e ela, furiosa, respondeu-lhe:
- Agora?! Agora, Zé Carlos?! Se gostasses mesmo de mim tinhas-te lembrado antes! Bem se vê a atenção que dás ao que eu digo! Se prestasses atenção sabias muito bem que um prego dourado me faria muito feliz! Mas deixa estar...não é preciso!
E, embora não percebesse para que caralho a namorada queria um prego dourado, lá foi a caminho do "Leroy Merlin" para tentar ganhar pontos.
A seguir, foi ao xnês e comprou uma caixa vermelha forrada com veludo que, com cuidado, entregou à namorada.
Ela, mal viu a caixa vermelha, ficou emocionada e as mãos tremiam-lhe. Afinal o seu amor ouviu o que ela dissera. Cobriu-o de beijos antes mesmo de abrir a caixa e o pobre Zé Carlos continuava sem perceber como é que um prego dourado faria alguém feliz daquela maneira.
De repente, a namorada abre a caixa vermelha e transfigura-se. A expressão de êxtase deu lugar à raiva e possessão pelo demóine. Atirou-lhe a caixa à cabeça e empurrou-o para fora de casa enquanto gritava que o namoro estava acabado!
Pobre Zé Carlos.
Ainda não aprendeu que nunca se deve levar à letra o que as gajas dizem...
O que ela disse :
O que ela queria:
Gajos deste Portugal, se não sabem, perguntem. De preferência, a outra gaja.
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